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Cação não existe

Cação não existe
Cação é tubarão! Apenas uma nomenclatura para se vender carne de um animal em extinção

sábado, 15 de janeiro de 2011

De luto por Nova Friburgo

Há poucos dias do embarque com destino para África do Sul, um detalhe que vem tirando meu sono, é a certeza que estarei frente a frente com os Tubarões Tigres, o que já é um grande sonho a tempo. Mas de repente acordo, ou melhor, passo a viver  um terrível pesadelo. Ao retornar para minha cidade Nova Friburgo, encontro uma cidade totalmente destruía, uma cidade aos prantos, devastada pelas forças das águas, que chegaram acabando com o silêncio do que seria apenas mais uma noite.  Há três dias de plantão em uma cidade vizinha, vendo apenas o noticiário pela tv, aumentava a cada segundo minha angústia pela falta de comunicação.
Pessoas queridas em meio a tragédia, choravam lágrimas a todos os instântes por presenciar o que parecia mais ser o fim do mundo. Sei que a gravidade é a mesma, e o desespero diminui quando se tem a certeza de que quase tudo ao seu redor está bem, mas a sensação de viver de perto os acontecimentos, ouvir os pedidos de ajuda em uma situação onde também precisamos dela, é extremamente desesperador. Carros amarrotados como simples folhas de papel jogada no lixo. Saber que logo o setor de pediatria foi levado com toda violência. Além das águas e a lama que determinaram que muitos ficariam sem respirar até o fim, o cilindro de oxigênio também foi arrancado a força de quem queria viver. Ao som  de Elvis Presley, foi impossível conter as lágrimas, por ver tanta destruição.
Pedras enormes bloqueando a pista, fortes cachoeiras de águas barrentas, tomam lugar de onde antes fosse uma sala, ou talvez o quarto de um criança que ainda está desaparecida. Caminhões de rodas para cima, carros com apenas o teto fora do resto das terras de desceram das montanhas. Lixo trazido, pertences que viraram lixo, a vida que se transformou em um lixo da noite para o dia. Esta não é a cidade que deixei quando fui para o trabalho, mas foi a cidade que encontrei quando voltei. E ainda sofria da angústia por não ter notícias de meus pais, de meu ambiente de trabalho, das pessoas que me querem bem. Mesmo em meio as centenas de pessoas que perderam a vida, isso sem falar nas milhares que terão que recomeçar a vida como se não houvesse um passado, além daquela noite chuvosa, me senti, em partes, um pouco mais feliz, por ver que todos e tudo que está diretamente ligado a mim, estava bem. Mas como ficar bem, estando junto disto tudo? Acho que minha resposta seria que, fiquei menos triste, ao invés de um pouco mais feliz. Já sendo considerada a maior tragédia da história do Brasil, mas aos olhos e a na pele de quem fez parte desta história, é apenas o início de um futuro, onde o passado será difícil de ser esquecido.
Foi impossível dominar meus sentimentos, no instante que minha filha me fez sentir ainda mais o valor da vida, quando me disse que pensou que eu teria morrido com tudo aquilo que estava acontecendo em Friburgo. E ainda recebo mais força, quando vejo meu velho pai, como se fosse um jovem, em sua camionete ajudando no transporte de pessoas que tenta buscar ajuda.. E levando água potável para aqueles que sentem sede de viver em meio a catástrofe. Águas que trouxeram um mundo de terra das montanhas, soterrando tantas vidas. Minha solidariedade fica expressa aqui nestas breves palavras, uma página que nunca queria ter escrito, umas imagens que já mais imaginava registrar, e umas fotos feitas apenas pelo instinto. O dia 14 de janeiro de 2011, foi o dia que as lágrimas desceram de meus olhos com as mesmas força das águas que arrastaram com força as vidas de uma cidade, que nem tão cedo será chamada novamente de NOVA Friburgo. Logo estarei embarcando, levando comigo uma culpa por estar indo, deixando o pesadelo por causa de um sonho.
























Talvez sejam as piores imagens que já registrei em minha vida. 


Link abaixo mostra uma visão geral da tragédia.
http://noticias.uol.com.br/album/110114chuvasrjserrana_album.jhtm?abrefoto=8#fotoNav=1

3 comentários:

  1. Uma incerteza no olhar. Um momento único. Mas, apesar da escuridão, o Sol sempre brilha anunciando um novo dia.

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  2. 14 de Janeiro... posso considerar meu nascimento pois nem tive como lembrar q era meu aniverssario ... em pensar que 14 de janeiro de 2014 eu ja com 31 anos estarei comemorando apenas 3 (anos) por ter O Senhor Deus poupado minha vida .
    Agradeço A Este mesmo Deus por ter permitido q eu estivesse junto de minha esposa e filha onde como um todo n só eu e minha casa + sim todo nosso condomínio ficasse incapaz de fazer qualquer coisa...

    passamos por este pesadelo sim + as marcas ficaram para sempre.

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