Os primeiros raios solares aparecem tímidos na janela de meu voo já próximo ao aeroporto da Ciudad do Panamá. Mas ainda bem, que seria apenas em conexão para meu destino final. O curto tempo que passei no aeroporto foi o suficiente para me fazer lembrar o calor de quase 50 graus que passei em terras egípcias. Mas logo já estava embarcando em meu próximo voo para terra do Fidel. A chegada em Habana me fez pensar se realmente havia embarcado em um voo da Copa Airlines ou se teria entrado em uma máquina do tempo, que havia me transportado para algum lugar no passado que ainda sobrevive em pleno ano 2011. Pena que o tempo na capital era apenas uma conexão para meu destino de Buceo (mergulho). Tive somente uma tarde e uma noite, para poder presenciar um passado presente nas vidas de seus habitantes que nem sempre sonham com o futuro.
Um rápido banho em um belo hotel, bermudão, camiseta, tênis, um lanche de salmão para forrar minha fome e partimos em um táxi para Habana Antiga. Mas como alguma parte da cidade ainda poderia ser mais antiga, poderia ser sim. Uma cidade onde não existe roubo a mão armada, chegamos na parte antiga daquela cidade muito antiga. Um povo simpático, poses para fotos, orgulhosos por poderem falar com brasileño, vivendo suas vidas. Mas os carrões são um show a parte, um belo show, belos carrões. Automóveis dos anos 50, 60 e dentre muitos outros. Alguns em belíssimas condições de conservação e, outros já meio destruídos. Mas a elegância de ver aquelas relíquias passarem como se fossem um desfile do cotidiano, é realmente muito impressionante. A população sentada em um paredão a beira mar, esperando a noite chegar às 21 horas, faz parte da transição da nova para a antiga Habana. Só que na prática não se ver uma diferença de época tão expressiva como se ouve da população local. Uma característica que talvez tenha ficado um pouco mais expressiva, tenha sido as construções, que realmente pareciam ser de uma época um pouco diferente, mas nada que venha lembrar uma grande cidade, um centro do Rio de Janeiro com seus arranha céus envidraçados.
Uma forma bem cubana de circular pela cidade é através dos Cocotáxis, como o próprio nome diz, um táxi em formato de coco. Um triciclo coberto por uma coisa amarela parecendo um enorme coco. E como estamos falando da antiga Habana, também era possível encontrar os bicitáxi. Com lugar para apenas dois passageiros e mais o piloto, este meio de transporte é uma bicicleta de três rodas que também ocupava as vielas. Mas estávamos a pé mesmo e, como em praticamente todas as cidades sempre existe alguém querendo dar de espero para cima dos turistas.
Um guia local se apresentou.
Um guia local se apresentou.
Não quero dinheiro, apenas mostrar a cidade para vocês. Venham comigo que irei mostrar onde foi a casa da madri de Fidel para que vocês possam saboriarem uma bela lagosta e o melhor mojito da cidade. Conversa vai, conversa vem, até chegar ao ponto que ele queria: Vocês deram muita sorte, hoje é o dia nacional do charuto, exclusivamente hoje, vocês poderão comprar uma caixa do melhor e mais puro charuto, aqui nas minhas mãos por um preço muito mais barato. Esta mesma caixa na fábrica custaria CUC 490,00, mas como vocês tiveram muita sorte, irão pagar apenas CUC 90,00. Mas é a questão da garantia? Não se preocupem, a garantia sou eu. E ele ainda havia me dito que me levaria a uma loja de relógios antigos. Mas na verdade, ele teria um amigo que conseguiria estes relógios e o preço em média uns 450,00 cuc (aproximadamente R$796,00). Acho que ele se esqueceu que somos brasileiros e, além de mim ainda haviam outros cariocas.
Um passeio a pé, algumas fotos, ruas, vielas, becos, uma farmácia da época que ainda se escrevia pharmácia, uma típica cubana com seu charuto e a tarde foi se despedido, dando lugar para a noite escura da capital. Uma cidade com pouquíssima iluminação pública, onde se via a simplicidade dos faróis enfraquecidos, dos imponentes carrões. Fomos ao segundo piso do casarão daquele bairro antigo, onde viveu a mãe de Fidel. Apreciar um típico mojito, apenas para abrir ainda mais o apetite pelo prato de lagosta que estávamos esperando e, para tentar despistar o calor uma cerveja Bucanero.
Uma ilha cercada por águas do Caribe, vivendo em época de alguma data do passado, faz uma forma muito interessante para arrecadar a grana de seus visitantes. As despesas são praticamentes feitas em EUROS. No país circulam duas moedas. O Peso Cubano, usado exclusivamente pelos moradores locais, destinados em suas despesas do dia-a-dia, alimentação, etc. E o Peso Convertibles (CUC, apelidado carinhosamente por mim de “coisa cubana”), usado apenas pelos turistas. O câmbio é feito no valor de 1 Peso Convertible (CUC) = 0,76 euros. Ou 1 Peso Convertible (CUC) = 1,08 dólar americano. Mas mesmo assim, as “coisas” são baratas, para quem está em uma ilha cercada por águas marinhas, que vão do verde esmeralda ao azul turquesa, isso sem precisar lembrar do charme de uma antiga cidade antiga. Um mojito, o saboroso prato de lagosta assada, fritas, acompanhamentos, duas Bucaneros num total de 16 coisas cubanas (CUC) = 12,30 EUROS = 28,30 Reais. Mas ainda me faltava um pequeno detalhe, o táxi de volta para o hotel tinha que ser um daqueles carrões, mas a noite já havia chegado e, com as ruas escuras fomos obrigados a pegar o primeiro carro que aparecesse. Não foi uma relíquia, mas em compensação uma verdadeira lata velha. Antigo, mas nem tanto, mas o estado de conservação péssimo, ou melhor, não havia se quer alguma conservação.
CUC |
Uma pena, mas é hora de irmos para o hotel, uma curta noite de sono e, às 3h da “madruga” encarar mais um voo para Cayo Largo del Sur, afinal de contas a vida marinha cubana precisa passar por minhas lentes.
O carro vermelho, usado como táxi na corrida de volta para o hotel |