Indiscutivelmente, na minha opnião, ficar no deck superior dos Live Abord que faço, ver o dia passar em algum lugar de qualquer mar, sempre bem distante de qualquer litoral, é algo realmente indiscutível. E se deixar a mente fluir, certamente ela viajará por dezenas de lugares, centenas de lembranças e incontáveis imaginações. Mares que alguns dias pertenceram aos piratas, superficies que foram locais de batalhas, épocas em que só o passado foi presente.
Recriar esses dias, ou simplesmente reviver um pouco dessa magia do passado em um desses lugares remotos, é como estar sentado a beira do nada e rodeado apenas de imaginações. Um navio que nasceu para alimentar a guerra mundial, uma construção de proporção indistrutível, jogado ao fundo do mar pelo próprio capitão no ano de 1940, é hoje um oásis para vida marinha, um ponto para os apaixonados por mergulho e principalmente uma viagem ao passado distante.
Nosso último mergulho nesta expedição ao Sudão, caímos n'água para o encontro com o Umbria, um "monstro" que nos levaria a sensações muito além do que poderíamos sentir em qualquer outro mergulho. Descemos e, ao fundo ia tomando forma aquele navio que a dias estava em nossas mentes. O Umbria foi por 28 anos uma obra de uma Alemanha, que provavelmente nunca imaginaria que o futuro deste navio seria ficar descansando ao fundo do mar as margens de um país árabe. Com suas estruturas preservadas, sua carga fazendo companhia até os dias atuais e, com sua história e reconhecimente em crescimento, o Umbria posou para algumas centenas de fotos, sob um olhar de um paixonado que sou.
Com uma história semelhante à Thistlegorm. O Umbria foi também um navio de carga da Guerra Mundial II,
O Mar Vermelho é um dos oceanos mais jovens do mundo e um dos mais quentes. A região Norte, com a sua diversificada gama de vida marinha, é um dos locais de mergulho mais visitados do mundo, enquanto o extremo sul permanece praticamente inexplorado. É um hotspot mundial de biologia marinha e uma importante rota comercial ao longo da história humana, que liga os bens de comércio da Índia e do Extremo Oriente com os mercados do Egito e da Europa.
Na Segunda Guerra Mundial o Mar Vermelho era uma importante via que liga a Europa com as colônias britânicas, como a Índia. No dia em que a Itália declarou guerra à Grã-Bretanha o Umbria foi afundado pouco mais de 20 quilômetros de Port Sudan, segunda maior cidado do Sudão, ficando atrás apenas da capital Cartum. Era um navio de carga italiano dirigindo-se para a colônia italiana da Eritreia.
O naufrágio longo, com mais de 150 metros de comprimento, encontra-se agora no fundo do mar, posicionado em um ângulo de 60 graus, a sua preciosa carga ainda está a bordo 360 mil bombas de aviões pesando 5.510 toneladas. O capitão da Umbria estava tão determinado, a marinha britânica não ter em suas mãos esta carga mortal que ele deu ordens para afundar o navio. Esses destroços estão entre os mais famosos e amplamente explorados por mergulhadores no mar Vermelho, muitos ainda estão lá, e cada um tem uma história única, que só poderia ser contada se as paredes falassem.
Mergulho no Sudão
Dive Site: O Umbria
Localização: Wingate Reef, Port Sudan
Descrição: navio de abastecimento Guerra
Comprimento: 150 metros (500 pés)
Profundidade: 5 - 35 metros (15-115 pés)
Visibilidade: 10 - 15 metros (30-50 pés)
A Umbria foi construído em Hamburgo em 1912 e começou a vida como um cargueiro. Em sua última viagem, em 1940, com destino a Eritreia, que estava nas mãos dos italianos que transportavam mais de 350.000 bombas, entre outros itens. Os britânicos apreenderam o Umbria em Port Sudan, como a Segunda Guerra Mundial era iminente e os britânicos não estavam dispostos a deixar um barco passar por eles que estaria transportando armas para o inimigo. O Umbria foi condenado a ser entregue, mas ao invés de deixar que isso aconteça, os italianos afundaram seu próprio navio. O Umbria afundou completo as margens de Port Sudan.
Existem rumores de que o Umbria é um dos melhores mergulhos do mundo e é, pelo menos parte da razão pela qual muitas pessoas vão para o Sudão. Para quem quiser, é possível chegar a sala de máquinas, nos porões, a padaria e explorar completamente o interior do naufrágio. A carga de lagunas fiat, garrafas de vinho e munições fornecem o interesse e os destroços é enfeitada com coral e peixes.
Os 68 minutos de mergulho não foram suficientes para saciar tudo que meus olhos apreciavam, ainda haveria a necessidade de mais tempo, outros mergulhos no mesmo local mas, é hora de partir, temos que voltar ao Brasil e quem sabe um dia, a este ponto que é indiscutivelmente um passeio ao passado.