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Cação não existe

Cação não existe
Cação é tubarão! Apenas uma nomenclatura para se vender carne de um animal em extinção

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Miléssimos de segundo para um click



Um bairro de pouco nome e de um povo simples, Jurujuba esconde um cais que tornou-se um lugar perfeito para poder “brincar”, ou melhor, um lugar perfeito para poder praticar parte do meu estilo em fotografia. Nos preparativos do embarque para mais uma saída de mergulho, observei que o cais ficava repleto de aves com a chegada das embarcações que voltavam da pesca ,e com isso achei que poderia fisgar algumas imagens com a “pescaria” daqueles pássaros.









É óbvio que quem se dedica a fotografia cria pessoalmente um estilo próprio. Eu sempre deixei evidente a paixão pela fotografia subaquática,     e com isso tem horas que fotografia “seca” parece ser uma bricadeira a parte. Fui para o cais em uma outra manhã, munido de meu brinquedo fotográfico, e uma lente em especial que infelizmente foi roubada tempos depois, uma série branca 70-200mm USM f/4. Para os que não tem tanta intimidade com estes termos, eu usei uma lente de cor branca da Canon,  uma série de lentes um pouco mais profissionais do que as tradicionais, com diâmetro de 67mm e com faixa de zoom que vai dos 70mm aos 200mm. Mas, o mais importante neste equipamento é o f/4 que significa ser uma lente que tem sua abertura máxima constante do diafragma em f/4, tornando-se uma lente clara, uma lente que é capaz de captar muita luz, me permitindo fotografar em uma velocidade muito grande, aproximadamente 1/1250, o que seria 1 segundo divido por 1250 o que daria 0,0008 miléssimos de segundos. 



Fração de segundo para fotografar um peixe se esfregando
em uma coral
Esse é o tempo que a máquina levará para realizar a foto, ou seja, conseguirei congelar a imagem, fazendo com que tudo pare naquele exato momento deixando evidente os  detalhes que passariam desapercebidos aos olhos humanos,gotículas de águas ficando para trás quando o pássaro retira o peixe da água, a forma que ele prende o peixe no bico, detalhes do posicionamento das asas e penas na hora do pouso e decolagem. O instante em que o bico toca a superfície do mar para fisgar o peixe, reação que a gaivota tem quando encontra outra em seu lugar de descanso ou simplesmente como a rolinha faz para formar uma chuvinha artificial. Esses são momentos que acontecem e normalmente não teriam uma importância tão ampla, tendo tantas outras coisas acontecendo ao mesmo tempo. Mas são detalhes muito interessantes quando bem colocados em uma imagem estática. O resto da água que cai do bico do pássaro após engolir o peixe, é um detalhe que expressa muito movimento em uma imagem que deveria estar parada.







Aí entra a prática ao meu estilo, tentar sempre transmitir algum sentimento em minhas imagens, e não simplesmente estampar uma pintura de um olhar em algo que chamou minha atenção. O treino em forma de brincadeira que fui fazer naquele cais, foi simplesmente apurar o meu olhar em pequenos detalhes que simplesmente passariam. Mas em época de tanta tecnologia, usar a câmera fotográfica para congelar o tempo não deve ser tão difícil assim? Não, se a máquina ficasse no automático, mas no automático ela não me obdeceria, também não trabalharia em f/4, poderia não usar a ave como ponto principal para o foco ou quem sabe, não fotografaria o momento que a ave estivesse olhando para mim. 


Um pouco de paciência, alguns click`s em momentos nem tão certos, alguns curiosos e o dia passou com muitos click`s,  mas foi muito interessante. Colocar em prática a visão em equilíbrio com a mente, o conhecimento técnico com a necessidade da tecnologia e o treino com o prazer de passar o dia registrando imagens de uma natureza quase em equilíbrio. Sempre sob a curiosidade e as observações fortes de minha filhota que exige ainda melhores resultados.
Mas não só de bons milagres vive uma mente que quer registrar momentos que passam em frações de segundos. Algumas fotos tradicionais também enfeitam aquele lugar, a tranquilidade de quem admira o mar, o descanso coletivo de cada grupo em seu horário, a interação da natureza com a urbanidade ou da urbanidade com a natureza. Apenas uma pequena mudança na máquina, faz mudar o foco de quem vê ou do que se quer ver. Seria o homem levando a vida para o meio que é das aves, ou a natureza  sobrevivendo em um meio que é dos homens? 


A natureza em meio urbano










O urbano em meio a natureza
















Mesmo com toda  minha preocupação nos miléssimos de segundos, a foto que me deu um prémio em um concurso no estado de São Paulo foi exatamente uma destas que tive todo tempo do mundo para realizar, apenas mostrei o o que é evidente, usando o foco no que é urbano. Fotografia é isso, o foco nem sempre está no que vemos. 






Mesmo lugar em diferentes horários e visitantes para descanso,
Garças

Biguas


Gaivotas


                                                                                             Este lugar é meu!!!!




Simplesmente a arte de fotografar






Cais de Jururjuba

3 comentários:

  1. Há uma certa magia entre esses dois mundos. Seres racionais e irracionais disputando um lugar no mundo real. Apesar dessa disputa por um pouco de natureza às vezes ser cruel, você conseguiu captar a beleza que há no convívio harmônico que esses seres tentam estabelecer entre si. Você, como eles, consegue brilhar nos mais simples detalhes!!!!!

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  2. Nossa olhando essas fotos lembrei das muitas vezes que ficamos empurrando Yasminn no balanço perto desse cais. Lembro também dela correndo na praia e você como sempre concentrado nas aves e no momento certo para fazer uma boa foto. Lembranças inesquecíveis num dos momentos em família. Te amamos:Patricia ,Yasminn e Yulli.

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  3. Niterói realmente tem recantos que encantam. Precisamos apenas parar por alguns segundos e nos deixar levar pela simplicidade escondida em meio a
    urbanização da natureza. É muito bom ver essa cidade valorizada com essas belas fotos e comentários. Valeu!!!!!!!!!!!

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