Não é por acaso que
chegamos até aquele ponto de mergulho, uma enorme “bancada” de areia que media
aproximadamente 100 km de comprimento por 80 km de largura e, uma profundidade
média de 12 metros. A água nos brindava com quase 100% de visibilidade e, para
completar o cenário, faltariam apenas os tubarões. Fomos em busca do Grande
tubarão Tigre, o lindíssimo tubarão Limão, os numerosos tubarões de Recifes e
para completar, O Grande Martelo e o estressadíssimo Tubarão Cabeça Chata.
Mais uma vez despencamos
para águas que banham as ilhas que formam o arquipélago das Bahamas. Um voo até
Miami e dali para frente, mais 10 horas de navegação até o ponto que se resume
em água e tubarão. Não haveria necessidade de lente macro no equipamento
fotográfico mas, também não haveria oportunidade para se enquadrar uma bela
foto, esse pequeno detalhe fui descobrir logo na manhã seguinte, pouco antes de
cair na água. É imprescindível um resumo do briefing para os mergulhos, os
tubarões estarão presente em todos os mergulhos e, serão grandes.
Um pouco diferente das
rotinas de quase todos os outros pontos de mergulhos, ali deveríamos
primeiramente ver se há algum grande tubarão em volta da embarcação (Grande
Tigre, o Cabeça Chata ou Grande Martelo), entrarmos na água rapidamente, se
agarrar ao cabo guia e irmos até o fundo. A formação seria sempre a mesma.
Haverá uma certa correnteza, formaríamos dois grupos paralelamente a corrente,
o engodo ficará no meio e, os tubarões estariam constantemente surgindo pela
correnteza atraídos pelo engodo, passariam pelo grupo e manteriam esse bailado
o tempo todo, isso até o momento que Jim Abernethy (maiores detalhes) entrasse na água. A regra
é simples, ou segue ou corre sério risco de morrer, na água ou dentro do barco.
Estávamos a 10 horas de navegação, longe de todo e qualquer socorro.
A
superfície já estava cheia de galhas, os tubarões já estavam em seu habitat era
apenas uma questão de tempo para a chegada dos grandes.
Regra
número 1: Todo mergulhador deve apontar com o dedo quando avistar um grande
tubarão, e os colegas também deveriam apontar quando avistassem o mesmo
tubarão.
Regra
número 2: É necessário descer com um stick, uma vara de cano que serviria de
proteção contra uma investida de algum tubarão. Não é para bater no tubarão,
apenas deixar na posição vertical, apoiada no chão no caminho do tubarão, ele
irá bater nessa proteção e, seguirá outro caminho. Para os fotógrafos ficaria a
opção de usar o stick ou não, caso não usasse, o equipamento fotográfico seria
a maior proteção. Nisso surge uma pergunta: Há o risco de quebrar o
equipamento? Sim! Ou o equipamento ou a vida! Me parece convincente a
justificativa.
Regra
número 3: Ficaríamos ajoelhado ou em pé no fundo, se mover o mínimo possível
para que não levantasse sedimentos na água, no fim de cada mergulho, o retorno
para o barco seria individual e, sempre vigiando em 360 graus, uma subida pelo
cabo guia, e uma entrada sem demora no barco.
Regra
número 4: A princípio os fotógrafos não poderiam em hipótese alguma perder
tempo com o equipamento, não poderia ficar enquadrando a imagem, não poderiam
ficar admirando as fotos, ou seja, olho nos tubarões e, na fotografia o que desse.
Não parece muito lógico mas, com o passar dos mergulhos, fomos acostumando com
os muitos tubarões e a rotina começou a fluir mais naturalmente. Na prática, as
últimas imagens que capturei ficaram muito melhores que as mais tensas dos
primeiros mergulhos.
Inúmeras
regras, umas conseguíamos quebrar, outras mais complicadas mas a intensão era
apenas uma, aproveitar as muitas dezenas de tubarões que estariam por ali. E
assim foi feito desde o primeiro até o último.
Um descanso e em breve a continuação desta viagem fantástica!
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