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Cação não existe

Cação não existe
Cação é tubarão! Apenas uma nomenclatura para se vender carne de um animal em extinção

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Egito, uma terra de mistério.



Depois de estar finalizando o meu primeiro livro, que conta em detalhes os mergulhos de seis países e três oceanos, e coincidentemente ou não, que minha primeira viagem ao exterior a mergulho se tornou minha primeira publicação em uma revista do ramo. O reconhecimento da Deco Stop ao meu trabalho, pôde levar a todo grupo de mergulhadores a experiência que aconteceu em sete dias embarcado, quatro dias em terras egípcias e praticamente seis dias no translado
Simplesmente com a intensão de complementar a matéria publicada na Deco no dia 15/06/12, posto novamente a viagem ao Mar Vermelho. Mas desta vez munido de muito mais conhecimento no assunto, muito mais empolgado pelos resultados que o meu trabalho vem alcançando.   

Tudo isso vai tornando a publicação do meu livro mais real. O trajeto foi longo e
no voo de volta, cruzando a África sobre a Argélia, percebo que existem alguns sentimentos diferentes em uma mesma região. A África que se mostrou perfeita em água e terra, abrigando o exótico Egito, neste momento fica para trás no GPS de nosso avião uma África longa e sem interesse para quem tem ansiedade de chegar em casa.

No voo direto para São Paulo, o Atlântico se mostrou ser pequeno quando a aeronave iniciou a descida para o final deste trabalho. As luzes da grande capital paulista iluminam uma cidade que espera o amanhecer sob um céu escuro, carregado de nuvens cinzentas. O avião toca ao solo, sob os aplausos dos passageiros, em função do ótimo voo que tivemos. O que era sonho, hoje é felicidade de estar novamente no Brasil. Este é o ponto de partida.
Parti, deixando para trás uma expectativa de meses.

Pouso tranquilo no Cairo, hora do desembarque, segurança total, soldados armados em todos os cantos. Mulheres de Burca, beleza feminina coberta pela tradição, despertando no homem a curiosidade que uma cultura que não consegue desfazer. É estranho ver isto de perto.

Fomos direto para um belíssimo hotel na capital, banho tomado, estômago forrado, pegamos um táxi para a feira popular no centro da cidade. Um verdadeiro paraíso para quem quer ir às compras. As 23:00h o mercado fechou, pegamos um táxi, que nos cobrou 70,00 libras, o que na verdade saiu extremamente caro, não pelo valor, mas sim porque o motorista foi durante os cinquenta minutos da corrida ouvindo uma espécie de ladainha árabe, que parecia mais um gemido de dor ou sei lá o que, talvez uma leitura do alcorão em árabe. Trânsito louco, uma verdadeira loucura, o som das buzinas é intermitente.

Logo que o dia amanhece, partimos para Hurghada, duas horas e meia de voo chegamos por volta do meio dia, uma temperatura de aproximadamente uns 50 graus na sombra, imediatamente pegamos o ônibus que já estava nos esperando. Mais seis horas em uma estrada que cortava o deserto de forma suave, passando por pequenas cidades do interior do Egito, cidades estas que hora margeavam o mar, e desde já iam aumentando a expectativa pela beleza. Tudo maravilhoso quando de repente o nosso ônibus quebrou, por sorte estávamos perto de uma cidade que tinha uma garagem da empresa do ônibus. Em Shafaga, esperamos meia hora, trocamos por um ônibus novo e seguimos nosso caminho. Para quem estava desfrutando de toda aquela mordomia, imaginei que chegaríamos a uma cidade grande, um cais bem estruturado, quando às onze horas da noite, o motorista encosta o ônibus, em um canto de terra batida, que ao fundo, no meio do implacável deserto, as luzes mostravam a existência da pequenina cidade Marsa Alam.

                                                                         Simplesmente Perfeito.


Cidade que estaria em minha mente desde nossa partida. Uma margem de barranco com aquele mar escuro iluminado por algumas embarcações ancoradas, surge um bote inflável, que é chamado de panga, nosso transfer até o Live Abord. Inúmeras bolsas, grandes e pequenas, frágeis e, para completar treze passageiros, cair n'água não era o meu problema, mas, estava preocupado em molhar o equipamento e ficar sem as minhas fotos.




Fomos recebidos pela tripulação, o guia local nos deu as boas vindas, jantamos e eu já louco para ouvir e ver o grande Live Abord começar a navegar, que nada, tínhamos de dormir, e aguardar a liberação da marinha local, no próximo dia. Éramos treze brasileiros e sete italianos, além dos funcionários do barco. Um imponente iate de quatro andares, com muito conforto e infraestrutura para que pudéssemos passar os próximos sete dias de forma bem agradável. O dia amanhece, ainda no suposto cais, aos poucos as embarcações a nossa volta vão partindo, até que a fiscalização confere a documentação e nos dá o “ok”. Parece que ainda estou ouvindo o roncar dos motores, ansiedade em alta, expectativa aumentando, partimos. 

Navegação suave, firme, coração acelerado e aquele balançar que é fascínio para uns e terror para outros, começamos explorar a região conhecida como Saint John Reef (Recife de São João), uma das muitas rotas de mergulho do Red Sea. Bem ao sul do Egito, nossa navegação manteve o território egípcio a boreste, e muito mais distante o território Árabe a bombordo. O limite foi quando começamos a nos aproximarmos das fronteiras marítimas do Sudão. Começamos então, nossa viagem de retorno.

Check dive, primeiro mergulho, o que eu veria da superfície para baixo, algo que nem eu sonharia, talvez fosse a perfeitção. Deslumbrado com o primeiro mergulho, não imaginava que era apenas uma pequena amostra de seis maravilhosos dias que estavam a cada segundo mais real. De retorno a embarcação, fomos recebidos pelo garçom com suco e frutas. A gentileza dos funcionários era uma característica marcante. O brilho no olhar sempre mascarado pela empolgação da experiência vivida. Tempo para o banho, jantar a mesa, e uma das melhores noites. Embarcado, muito cansado, sem a angústia do fim, navegamos a noite toda e uma boa parte da manhã seguinte, com minha cabine próxima ao nível do mar, ouvia a leveza da água sendo cortada incansavelmente. A semana passou como um piscar de olhos, lindos olhos verdes, como se piscasse em um flerte para todos nós mergulhadores. Um grupo espetacular, uma nova amizade.

A imagem sobre a superfície sempre a mesma, água, mar, água do mar, de um mar chamado Vermelho, de uma água azul. E no céu, um azul tão intenso quanto o azul profundo que estava abaixo de nossos pés. Já com a máscara em nossos olhos, e olhos tão abertos quanto nossa curiosidade, só víamos uma coisa, perfeição, uma perfeição da natureza, se criava a cada metro abaixo, a frente, ao lado e até mesmo por onde já havíamos passado.
É impressionante como já tinham uma noção da forma física do espermatozóide.

Antes de cada mergulho recebíamos as orientações do guia local, onde ele desenhava em um quadro, as características que iríamos encontrar, tais como: profundidade, direção da correnteza, possíveis peixes, e o que mais queríamos ouvir, tubarões sempre no infinito azul. Um mergulho pela manhã, um antes do almoço, um à tarde e às vezes um à noite. O dia passava, no deck superior para pegar um pouco de sol, um almoço nem sempre tão saboroso, uma merecida soneca, um bate papo noturno e, uma ansiedade para o próximo dia de mergulho.

Cada mergulho em um ponto diferente, uns perto do anterior, outros mais distantes, e meus sentidos de direção já haviam se perdidos há tempos, navegava em mar aberto, como em um passe de mágica, surgia mais um ponto. Formação de recifes quase na superfície, e completamente visível pela transparência constante das águas.
De nome exótico o Sha'ab Aid foi o que mais me impressionou pelas suas formações rochosas, com torres estreitas, formando um verdadeiro labirinto em volta de uma plataforma um pouco maior, completamente cercado de vida, e da admiração de quem teve o prazer de se perder em seu interior, Sha'ab Aid um nome difícil de falar e perfeito para o mergulho.
Já no penúltimo dia, passamos à esquerda de uma ilha no meio do nada, completamente desértica e com um solitário e importante farol que se erguia sobre uma areia escaldante, que talvez, só recebesse os carinhos dos ventos vindo do mar, servia de olhos para desavisados capitães, além de ser também ponto de apoio para aves marinhas. Último mergulho, uma correria para arrumar as bagagens, o equipamento ainda molhado, desembarcamos novamente pela panga, ao meio dia. Pegamos o ônibus com destino à cidade de Luxor, para que pudéssemos visitar o Templo dos Reis, as Pirâmides, fazer um simples passeio de balão depois de atravessarmos o majestoso rio Nilo, e então pegar o voo novamente para a cidade do Cairo.

Uma passada por uma Meca, para que pudéssemos sentir uma tradição que orienta milhões de mentes, pisar descalço em um solo santo, mulheres totalmente cobertas, justifica as manchas roxas que os seguidores do Islamismo têm na testa por demonstrarem a si o compromisso e a devoção, pela maior religião do mundo. Nesse momento da viagem, meus pensamentos se confundiam com a saudade que sentia de minha filha. Hora de embarcar para Roma, conexão com voo direto a São Paulo, uma passada no Free Shopping. Última chamada para o voo com destino Rio de Janeiro! Atenção tripulação, preparar para o pouso, aeroporto do Galeão. Sentir o beijo carinhoso de minha filha me esperando de braços abertos. É o ponto final desta viagem e o ponto de partida para próxima. 

A edição 35 publicada no dia 15 de junho de 2012 da Revista Deco Stop, traz texto e algumas fotos subaquática desta grande viagem. Espero que apreciem!

Apenas como lembraça de alguns momentos da viagem.






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