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Cação não existe

Cação não existe
Cação é tubarão! Apenas uma nomenclatura para se vender carne de um animal em extinção

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Sudão Intocável - part. 1



Eu não sei ao certo qual seria o real motivo daquelas lágrimas, tão pouco o porquê daquele desespero mas, quando resolvi fazer parte do primeiro grupo de mergulhadores brasileiros a descobrir o fascínio das águas do Sudão, já imaginava que voltaria de lá com muitas imagens e principalmente muitas histórias que ficariam por muitos e muitos tempos na minha mente. Ver aquele rostinho infantil aos prantos, pedindo desesperadamente que nós a levássemos embora daquele lugar, foi infelizmente uma das cenas mais marcante da viagem.




Chegar ao Sudão não é tão simples, a escolha por onde será a viagem até o ponto de embarque no Live Abord é uma decisão muito importante. As regras do país são severas, as exigências podem acabar atrapalhando a realização da viagem e na prática, o desespero de não conseguir embarcar para o destino final atordoou por alguns longos minutos a ansiedade da viagem. Ainda no Brasil, foram exigidos todos os documentos necessários para o embarque e, a certeza que os passaportes ficariam retidos com as autoridades locais, desde o dia de entrada até o último dia que ficaríamos no país. Afinal de contas, éramos o primeiro grupo do Brasil embarcando para aquela região, não sabíamos o final desta história.





Com partida principal no aeroporto de Guarulhos, fomos rumo a escala em Dubai, teríamos uma única noite de descanso e na manhã seguinte o destino é Port Sudan, a segunda maior cidade do Sudão, lugar que não traz nem um pouco qualquer característica que exemplifique este título. A saída dos Emirados Árabes não foi nada simples. A burocracia com a documentação, que teoricamente estaria conforme a exigência, praticamente impossibilitava o embarque para o próximo país. As regras quanto aos equipamentos de mergulho e fotográfico só foram vencidas depois de muitas conversas. Mas finalmente embarcamos, cruzamos novamente o Mar Vermelho e íamos deixando a imaginação fluir de como seria pousar naquele país de regras severas, de solo desértico e de um mar simplesmente perfeito.





Um aeroporto tão simples, nos fez ter a certeza que algo, de um modo geral, iria fazer valer a pena a viagem. O transfer até a embarcação foi em grande estilo, um ônibus antigo, pintado com as mais variadas cores possíveis, e nossos equipamentos no bagageiro do teto amarrado com cordas, foi praticamente o nosso primeiro contato com o mundo real dentro do Sudão mas, pelo menos o ar refrigerado funcionava perfeitamente, o que não aconteceu exatamente no dias embarcados.














Conforme combinado, o sr Chico nos aguardava para dar os boas vindas, fazer nossa entrada no país, o encontro com o Live Abord e reter nossos passaportes. Um porto as margens de uma praça que mais parecia um local de desfile do povo sudanês, lindas mulheres com seus trajes característicos, homens deixando o tempo passar entre uma partida e outra de sinuca, tudo isso fazia parte do cenário de nossa primeira noite naquele destino. Ainda não zarparíamos, essa noite seria por ali, ao som de seus Tuk Tuk e ao fundo alguma música árabe. Assim que o sol se escondeu, o cansaço tomou conta do meu corpo, apenas um passeio pela calçada para que pudesse ver de perto a vida ali naquela praça.





Finalmente o dia amanhece e minha alma se presenteia com a felicidade de ouvir os sons dos motores que se misturavam com o bailar das águas sendo cortadas pelo imponente Live Abord. É hora do briefing e assim que a embarcação ancorar, finalmente iremos para água. No velho e bom estilo da saída com as pangas, partimos para o primeiro mergulho. Há exatos três anos atrás, eu estava pela primeira vez nas águas do Mar vermelho, teoricamente desta vez não seria muito diferente, estaríamos mais ao sul de um mesmo mar exuberante. Esse primeiro mergulho no Sudão só se diferenciaria pelo contexto geral da viagem e por ser o lugar escolhido pela equipe de Cousteau para construção do laboratório submerso conhecido como Pré-Continente II, isso no ano 64. A obra conserva-se em perfeito estado até os dias atuais e o lugar, um recife digno de elogios do lendário Cousteau. Sha’ab Rumi é uma mistura de perfeição com o sonho, uma realidade de um recife que encantou até o maior de todos os mergulhadores de todo mundo. A vida subaquática que o rodeia, faz valer as centenas de horas que me ansiava desde o dia do convite para esta expedição.





Continua na próxima postagem!

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